Rede Intersetorial São Sebastião-DF

01/09/2021

Vídeo do sr. Vilson Mesquita  contando a história da Rede Intersetorial de São Sebastião -DF

A RSL de São Sebastião é conhecida como Rede Intersetorial de São Sebastião, é considerado pelos seus participantes como um espaço aberto, democrático, sem vinculações governamentais e partidárias, fundado a partir da necessidade de organização e mobilização de instituições públicas e privadas de São Sebastião. A rede, atualmente, é composta por instituições públicas e entidades privadas que prestam serviços diversos. A rede é entendida como processo gerador de auto-organização das instituições participantes em uma malha onde elas se articulam em termos de suas complementaridades funcionais num processo gerador de:

  • convergência de formação, qualificação e planejamento de ações;
  • de aceleração ou viabilização de respostas aos problemas sociais locais e a garantia de direitos; e
  • de uma estabilidade e efetividade na oferta de serviços, sem imposição de uniformidade, mas sim com o surgimento de uma conectividade que permita a ampliação da autonomia institucional, o aumento da transparência com complementaridade e não repetitividade na oferta de serviços locais.

O "fundador" da RSL de São Sebastião é o Sr. Vilson, que é representante do Conselho Local de Saúde de São Sebastião, aposentado da banda do exército, um senhor negro, alto, dono de um sorriso belíssimo e acolhedor. Ele, também, é considerado um dos fundadores de São Sebastião, com muitas histórias da olaria do Morro da Cruz. Nós o homenageamos na Live sobre Educação, com um pequeno vídeo com algumas imagens da sua história no DF.

            Outra pessoa muito presente nas redes é Everardo Aguiar, que tem contribuído com o meu aprendizado, escreveu o livro: "Redes sociais locais: a afetividade na efetivação das políticas públicas", que está na sua segunda edição. Everardo, sempre chega mais cedo nas reuniões das redes, pois considera que as conversas informais e aproximação das pessoas que chegam são potenciais geradoras de afeto. E esse afeto, é capaz de operacionalizar mudanças e efetivação das políticas públicas nos territórios. Ele tem um papel na sistematização dos aprendizados destas RSL, e considera que conhecimentos e encontros são geradores de afetividade para criação da pauta do cuidado no território. Everardo traz reflexões sobre o fluxo da rede, que se dá de forma horizontal, baseada na afetividade e é um lugar de todos. É um local de afetividade e potente na efetivação das políticas públicas. Diferente dos espaços de conferência, em que são debatidas e formuladas as políticas. A importância de falar de si como estratégia de geração de afetos e de dinâmicas que auxiliem nesse processo. Defende a necessidade de menos reuniões e mais encontros, de mais colaboração e menos disputa política, formando o capital humano do cuidado. Que a rigidez da pauta muitas vezes pode "atrapalhar", engessar as conversas e diálogos sobre o território. Diz, que o espaço das RSL não é demandismo, e sim potência para a mudança e realização, e não é um lugar para disputa de narrativa do imaginário. Ressalta, que os problemas e as soluções estão no território, por isso há a necessidade de administradores regionais estarem nas reuniões das redes. Everardo, contou sobre o Kit Peba, que é uma forma preconceituosa que a polícia identifica um suspeito, que foi uma lógica incorporada pela Polícia Militar do DF (PMDF), desde 1999, em que jovens, vestindo boné, chinelo e bermuda são potenciais infratores (mais informações em: https://unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=4155). Esta atitude da PMDF foi mote para a última mobilização dos Jovens em Ceilândia, chamada de 1º Bonezaço R.U.A.S. - #direitodeserjoven, #naoaviolencia, #nãosoususpeito. Que aconteceu em 31 de janeiro de 2015, na praça do cidadão em Ceilândia (https://www.facebook.com/events/1621863758032915/?ref=3&ref_newsfeed_story_type=regular). outra situação que comentou foi a perplexidade sobre como estava sendo veiculada uma campanha sobre o Crack nos outdoors do DF, com alusão a algemas.

Em 2015, o DF em Movimento organizou um circuito Praça Pública de Diálogo, como um movimento de geração de afetividade. Comentou sobre o Plano de Interação do Encontro de Redes, como uma metodologia potente de afetividade e encontros. Que conseguiu interagir com as 18 RSLDF, em atividade naquele momento.

Um aspecto, que chamou bastante a atenção, foi o excesso de "segurança" para se entrar no Fórum, local da reunião da RSL de São Sebastião. Ele era todo cercado com grades altas e arame farpado, tinha que passar por uma porta giratória, e esteira para os pertences com detector de metal e havia ainda o cadastro de cada pessoa que entrava neste aparelho social público, com presença de vários seguranças na porta.

Durante a reunião, descobri que muitos Kalunga vivem nessa região de São Sebastião. É uma reunião que tem problemas fundiários, com grilagem de terras. Assim que cheguei neste território vi placas que ofereciam terrenos de 12 mil reais. Uma pechincha por se tratar do DF. E disseram da ocupação no morro da Cruz.

Pareceu-me uma rede bastante animada. Metodologia potente foi a reunião em roda de conversa, com a mobilização inicial feita por dinâmicas corporais e de apresentação. Estas dinâmicas e o lanche ao final favoreceram a afetividade e a aproximação dos membros da rede.

As demandas são parecidas com outros lugares, como falta de médico, os problemas da Internação Socioeducativa, grande demanda por creches e escolas, falta de insumos básicos como pasta de dente e escovas para as crianças na assistência social e no sistema socioeducativo. Confesso que a situação relatada das crianças e de suas famílias no sistema socioeducativo é no mínimo revoltante, com superlotação, falta de condições sanitárias, sem transporte para as famílias, pois é um local de difícil acesso na região rural de São Sebastião.

É uma rede antiga, acontece suas reuniões desde 2007. Nesta reunião havia participantes dos primeiros encontros, e desabafaram que são velhos problemas e novas pessoas. Foi interessante observar que as pessoas mudavam, pois os representantes institucionais muitas vezes são nomeados e mudam de acordo com o cenário político, e por causa da transição do governo.

Durante as inscrições e falas, resumidamente na reunião foi debatido: territorialização da ESF, falta de cobertura, necessidade de mais médicos, referência para o hospital do Paranoá, organização da rede de saúde, organização de demandas dos CRAS, vínculo dos profissionais, necessidade de dados estatísticos para organização da demanda, planejamento e reinvindicações, formas de busca ativa (ex. testes rápidos em barbearias), organização da coleta seletiva, problemas de preenchimentos de fichas, voluntariado, situação das crianças no sistema socioeducativo, mensuração da demanda reprimida... Problemas de saúde bucal nas crianças, que muitas vezes só tem acesso a tratamentos mutiladores e não tem dinheiro para comprar material de higiene bucal.

Muitos dos problemas debatidos são pautados por Grupos de Trabalho com a pessoa que trouxe a demanda e representantes de outros espaços. Assim a rede ganha a conotação de um espaço de ação e da colaboração, ao invés de apenas de reinvindicações.

Foi um encontro que me emocionou. Visto o engajamento dos membros e demandas difíceis como a questão dos adolescentes em conflito com a lei, que vive em opressão e anulação da existência. Mesmo assim, é claro que os problemas e as soluções estão no território (território vivo), e através da afetividade as pessoas dialogam, se empoderam e não se conformam com o status quo, transformando suas realidades. Será demandado na nova Agenda do DF em Movimento, a participação dos administradores regionais nas reuniões das redes, para se apropriarem deste espaço de potência e capital humano.

Participaram representantes: Conselho de saúde de São Sebastião, AGEFIS/TC, SECRIANÇA (UISS - Unidade de Internação de São Sebastião), ECOLIMPO, SEDLS, CRAS, SEDHS (CRAS), CT Jardim Botânico, Departamento de Atenção Básica - CGSSS, Conselho Tutelar, Ação Social do Planalto, NASF/SES, Casa das Redes, DF em Movimento, Conselho Tutelar, Super Nova, FIOCRUZ, Promotoria de Justiça de São Sebastião, Programa de Atenção a Vítima de Violência, Instituto Cultural Congo Nya, entre outros.

Destacam como conquistas do trabalho da Rede Social de São Sebastião junto a outras mobilizações

  • Luta pela continuidade da Casa de Parto São Sebastião,
  • Melhoria do fluxo de atendimento e prevenção de crianças e adolescentes vítimas de abuso, exploração sexual e vítima de violência,
  • Apoio horta da Comunidade de São Sebastião,
  • Projeto dos Promotores Legais Populares de São Sebastião,
  • Curso de mediação de conflitos para a comunidade.
  • Unidade de Pronto Atendimento, estava construída e fechada, e a rede ajudou na mobilização
  • Vila Olímpica, estava construída, porém fechada, fizeram passeata.
  • Neste ano, houve atendimento de CREAS em São Sebastião.

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